domingo, 12 de outubro de 2008

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Ensaio sobre a cegueira

"Se podes olhar, vê. Se podes ver, repara."

Ensaio sobre a Cegueira é um romance assustador, em que o homem é confrontado com situações insólitas em uma sociedade contaminada por uma epidemia inexplicável de uma cegueira branca, leitosa.

Como o ser humano responde a esses estímulos e até onde ele pode suportar em nome de sua sobrevivência? Diante do cenário devastador e deprimente, as pessoas tornam-se realmente quem elas são. A partir do momento em que não podem mais julgar o que não vêem e máscaras sociais se fazem desnecessárias, o homem é o que é.

É uma fantástica tentativa de Saramago anunciar a miopia social que vivemos diariamente. O leitor desfruta de uma leitura bem estimulante, no entanto, às vezes cansativa e repetitiva, devido a algumas estratégias adotadas pelo autor para transmitir os sentimentos do livro. É uma verdadeira saga pela busca do conhecimento próprio e do outro.

As palavras andantes

Quando o autor de O livro dos abraços resolveu unir a sua literatura às xilogravuras de J. Borges, já poderíamos prever que ia dar numa obra de encher os olhos. E é exatamente isso.

São causos escritos por um uruguaio camarada e ilustrados por um xilógrafo pernambucano: é possível? Claro. Com direito à historietas mirabolantes, bichos que falam, diabos e deuses, gente que apronta todas e relatos do que parece ser uma vida de experiências encantadoras.

Com tudo isso, mais que andar, as palavras de Galeano dançam na frente dos seus olhos e são capazes de arrancar aqueles sorrisos que saem como que sem querer.

Se tivéssemos que desviar uma única palavra do seu caminho para descrever o livro, seria a andarilha mágica!

A mulher que escreveu a Bíblia

Moacyr Scliar escreveu aqui um livro curto, ágil e divertido. A leitura é fácil e agradável. É uma história cômica sobre uma fictícia esposa do Rei Salomão, a única feia entre 700 esposas e 300 concubinas, mas também a única capaz de ler e escrever. Ela recebe, por isso, a função de escrever um livro sobre a história da humanidade até então.

O livro se vale da estilização pós-moderna dos tempos bíblicos, recheado de palavrões, referências a neuroses dos século XXI, dentre outros métodos de surtir comicidade. Com raro dom, o autor sabe ordenar as palavras de forma a causar efeitos no leitor, uma proeza digna das melhores publicidades. Fácil, competente e divertido: uma ótima pedida!